terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O email que eu não vou te mandar

Não, não vou mandar este email, porque sei que assustaria. E que o que eu mais quero é você perto. Mesmo que pra isso eu tenha que rezar pra os astros armarem um momento em que nós dois estejamos online. E que esse momento se desdobre em uma conversa despretensiosa e bem humorada. Que aos poucos o seu interesse fique em pé de igualdade com o meu. E aí quem sabe a gente não dependa nem de acaso, nem de amigo em comum pra se esbarrar por aí.
Enquanto isso, trato de saborear o gostinho desse gol aos 49 minutos do segundo tempo, esse passe perfeito que a vida me deu pra eu matar no peito e furar a rede.
Faço isso, fechando os olhos involuntariamente lembrando dos seus. Da mistura de cores complementares deles, o verde e o vermelho, quando amanhece. De como foi bom ter sido o centro das suas atenções. Da conquista de cada sorriso que escapuliu da sua boca por minha causa. O som em looping da palavra “raro” proferida por você naquele ponto, em que a gente se deu de presente o tempo de perder uns 5 ônibus e cada um deles que passava em alta velocidade fazia cosquinha dentro da minha barriga.
A vontade de fazer esse fenômeno acontecer diariamente suspira ofegante em mim. Mas segurar a onda é preciso. Não dá pra simplesmente dizer que quando dançamos Lithium foi como se ninguém mais existisse ao redor e que eu tive plena consciência de que daria certo, a gente, a partir daquele momento.
Mas foi por todas essas nossas sutilezas e por esse sentimento puro de certeza, que aceitei estar apaixonada por você. Porque amor genuíno, leve e terno pertence ao presente.
E se te mandar esse email, ele vira peixe de aquário e não quero aprisioná-lo em uma vitrine de expectativas. Quero que nade tranqüilo no meu oceano de possibilidades e quando chegar a hora ele encontre seu peixe e eles se abracem como velhos conhecidos e sintam-se preparados pra nadar por essa corrente quentinha.
Assim como eu me senti ao segurar a tua mão pela primeira vez.

Um comentário:

  1. Gostei dos teus textos,Romã. Este aí eu gostei demais. Cê manda bem. Beijos,Flavia Ribeiro.

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