segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tenho dormido com muitos homens,
mulheres também.
De quase todos, fico sem saber o nome.
E, por vezes, se levantam sem que eu tenha acordado.

Promiscuidade inocente de quem pega no sono no ônibus,
a caminho de Niterói.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sonhei contigo:

Era de tarde e o sol esquentava gostoso nossas peles.
Talvez fosse outono, porque não suávamos.
De onde estávamos dava pra ver o horizonte.
Antes dele vinha o mar ou era a Baía de Guanabara mesmo, mas sem o Pão de Açúcar e o Corcovado.
Sentados, próximos, havia uma ansiedade delicada e conversávamos.
Você tava sem camisa e eu fui me chegando aos poucos, enquadrando a paisagem na metade de porta-retrato que o seu ombro esquerdo e a sua nuca formavam.
O pôr-do-sol tingiu o céu de um laranja e rosa bem vivos
E você me explicou que víamos aquelas cores por causa de um experimento lisérgico-científico que houve há muitos anos em Cuba.
Foi aí então que decidi fechar os olhos e dar um beijo nas suas costas.
Como se aquele fosse um código pré-determinado para disparar o sinal de quando a quantidade de espera, vontade, batimentos cardíacos, brilho nos olhos e saliva fosse a perfeita para nos tornarmos um par.
Aí o telefone tocou, eu acordei e desde então ando com esse pedaço de papel no bolso pra te entregar.