Nada pior que se sentir idiota sabendo que você não é. Achar
um desperdício essas lágrimas que eu não consigo conter. A idéia era simples.
Mas aí cê disse que me amava, me chamou pra morar com você e ainda que a gente
tivesse louco, me deixou mais segura. Tu me mostrou os seus segredos, confiou e
eu também. Deu liga, concluímos. Não posso dizer que eu não sabia que tu tem
mil motivos que despertam minha admiração, mas pouco tempo de dedicação. Eu
sabia e a gente tava dando um jeito. Também sabia que tu tem admiração não só de
mim e que gosta disso. Entendi sua vaidade.
Só não consigo entender em um mundo
em que somos livres como jamais fomos, não haver jogo aberto. Ou talvez o nome
seja educação. Responder uma mensagem, quando eu sei que tu vive grudado no
Iphone. “Lá não pega direito” não pega mais, amor. E é claro que eu não tô escrevendo
esse texto doído só porque tu não respondeu uma mensagem na hora e do jeito que
eu queria. O lance é que se sentir cozinhada é fogo. Preterida então, nem se
fala. Mas a oferta é grande, né? Tava implícito desde o início. Mas por mais
que eu soubesse que estava pisando em terreno irregular, me percebo
despreparada perante uma foto. Pode nem ser nada e, teoricamente, se fosse, tinha que poder também.
Mas não segurei a onda.
E me pergunto se realmente tenho que segurá-la. Segurar
a onda cansa. É assim que me sinto: cansada. Do morde e assopra. Quando a minha
vontade era aparecer nua na porta da sua casa de madrugada. E o que me deixa
mais bolada é que ainda que eu escreva esse texto, prometa a mim mesma que não
vou mais stalkear, nem mandar inbox ou mensagem, não sei se terei essa fibra se
você o fizer. E, cogitando essa possibilidade, assumo que não consigo me despir
de esperança. Concluo então que esse mundo doido quase me bota a perder uma das
coisas mais bonitas que o homem carrega. Não foi dessa vez. Sigo vestida.