sábado, 26 de maio de 2012

Viagem

Chegando ao trabalho,
a vitrine da loja de motos:
preta, branca, vermelha e amarela,
que nem a sua
Cabelo solto no vento,
sinal fechado,
sua mão na minha coxa...
Viagem que todo dia quase me faz perder o ponto.

domingo, 13 de maio de 2012

Quilombo São José

Vencer o medo
Entrar na roda
Rodar a saia
que eu não vestia
Mas que ainda assim girava
feito minha cabeça
e as cores de gente em volta
Com a licença das almas
e a benção dos tambores
jonguei-me.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Beliscadinha

Quando a gente passa a vida ou boa parte dela convivendo com a invenção de que príncipe encantado existe, é até compreensível a confusão de sentimentos que nos invadem ao encontrar um cara que elogia não só sua beleza, como sua inteligência, e parece fazer questão da sua companhia. (Coisas desnecessárias caso o objetivo seja apenas te comer.)
 Imagine então que, embora você esteja conquistando a consciência em relação ao que realmente tem valor e beleza, sua auto-estima ainda não é lá essas coisas e o rapaz, além de te dar apelidos originais, ensaboa seus pés como quem faz o mais feliz dos ofícios e te massageia as costas com hidratante: as mina pira!
 A loucura é tanta que você sorri por fora, mas percebe que as desilusões vivenciadas anteriormente te fazem sentir medo de tudo aquilo ser uma piada de mau gosto e quase perguntar onde é que está a câmera. Por pouco, quase perdemos a chance de sermos tratadas maravilhosamente bem, apenas por não estarmos acostumadas àquilo, embora saibamos em nosso íntimo que “é assim que deveria ser”.
 Posso afirmar que ouvir a frase acima de um homem ajoelhado, lavando seus pés e te olhando como se você fosse uma deusa é uma sensação que todos deveriam sentir, tenho certeza que a vida teria bem mais qualidade.
 O que não dá é, quando ouvir que “quando a gente casar, vamos ter dois chuveiros”, enlouquecer e achar que no dia seguinte vai se mudar de mala e cuia pra casa do “homem-da-sua-vida”. O melhor a fazer é se dar uma beliscadinha, agradecer pelo sonho estar sendo realidade e aproveitar esse banho, tendo noção de que é apenas o primeiro (mas que talvez possa ser o último).